sexta-feira, 5 de junho de 2015

Voluntários, os novos escravos

Estava aqui a ler este artigo e a pensar como de repente ser voluntário num qualquer evento virou uma espécie de moda.
A determinada altura dizem que os voluntários acabam muitas vezes a trabalhar nas empresas. Não deixa de ser verdade. Há muitos anos atrás fui voluntária numa instituição e quando surgiu uma vaga foi-me oferecido o lugar. Na altura recusei porque era a recibos verdes. Se fosse hoje talvez não o tivesse feito.
Mas o cerne da questão não é esse. É mais em baixo, por assim dizer. Os Rock in Rio desta vida, as feiras do Livro, os Nos Sound tem todos dinheiro para pagar as pessoas para trabalharem nestes eventos. Ser voluntário nestas coisas faz currículo? Talvez sim, e ser pago por isso também ajuda.
O que recebem estes voluntários? As senhas do comboio, do autocarro ou metro? Uma tigela de sopa à hora do almoço? Se calhar nem isso. Eu sei que muitos vão pela oportunidade de ver os concertos a custo zero, mas, meus queridos, a vossa dignidade paga isso? Se querem ir ao concerto e não tem dinheiro, poupem da semanada, mesada, saiam menos vezes à noite...
E digo-vos mais, só para terminar, há muitos anos atrás essa instituição, a tal onde eu fui voluntária, teve uma parceria com a FNAC, eles forneciam voluntários para embrulhar as prendas na altura do Natal. Consoante o numero de horas que fizesse cada voluntário recebia um cheque oferta FNAC. Algo muito justo. Num dos últimos Natais vi que iam repetir a iniciativa e perguntei se pagavam em cheques, disseram-me que não. Se a FNAC não pode recompensar quem dá o seu tempo, eu tenho coisas mais importantes para fazer com ele.
De resto, continuo a dizer que o voluntariado é uma excelente actividade, mas deve ser exercido junto de instituições que ajudam quem realmente precisa e não para malta que todos os anos vê a sua conta bancária a aumentar.

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