Dizia Fernando Pessoa que todas as cartas de amor são ridiculas. Pessoalmente não partilho dessa opiniao. As cartas são, sim uma expressao de amor, afecto, união, desencontro. Quem não gosta de receber uma?
E se uma carta que escrevemos vai parar às máos de uma jornalista muitos anos depois de a escrevermos? É precisamente esse o mote para este maravilhoso livro.
Nos últimos anos, talvez na última decada para ser mais precisa, temos sido inundados por livros eróticos. São livros com conteúdo fraco, alguns a roçar o fraquissimo. Pensei eu que um livro como este, clássico da literatura e que tinha vencido a barreira do tempo seria um bom exemplo do seu género, o erótico.
Infelizmente estava enganada, o livro é apenas um sem fim de descriçoes eróticas, ou melhor e sexuais. Em nada melhor que os livros actuais, excepto pela linguagem mais rebuscada...
O que posso eu dizer deste livro? Quando comecei a ler lembrei-me do Rebecca da Daphne Du Maurier. A história tem algumas parecenças diria até que foi inspirado por esse livro.
A diferença é que o Rebecca é muito melhor. A intriga é mais densa. Aqui em muitos momentos suspeitei do que podia estar a acontecer.
Se eu achei um livro mau ou péssimo? Não. Diria que é um bom entretenimento, em certos momentos até consegue ser excelente.
Até ao fim consegue manter a premissa da capa: onde se esconde a verdade...
É o segundo livro que leio deste escritor. Se no primeiro, o Último Cabalista de Lisboa, somos transportados para Lisboa por alturas de mil e quinhentos, Aqui vamos até ao Porto nos inicios do século XIX. Novamente temos uma familia judia, que continua a sofrer o preconceito pela sua religião.
Tal como no primeiro livro que li neste também fui arrebatada pela história. É uma história muito diferente mas que cativa desde a primeira à ultima página e que faz sempre desejar saber o que acontece a seguir.
E claro é para continuar a ler os livros do Richard Zimler. E obrigada por nos lembrar que sempre houveram judeus e que estes sempre foram perseguidos....
Leonor de Almeida Portugal, também conhecida pela Marquesa de Alorna foi uma figura singular e à frente do seu tempo. Logo na infância, o julgamento e morte dos avôs, os Marqueses de Távora, condenados pelo atentado ao rei D. José I, trancou-a, a ela, a mãe e à irmâ num convento.
Daí só sairia cerca de vinte anos depois. Entrou criança, mas saiu uma mulher. Uma mulher diferente, alimentada pelo que lia e pela sede de conhecimento.
Ler este livro é conhecer o seu percurso, que foi algo insual para a época, em especial para um país como Portugal. Nunca tinha lido nada da Maria Teresa Horta, mas adorei a sua escrita, as descrições detalhadas e o detalhe que pôs no livro. Nós não somos só nós, temos também muita gente à volta, e Maria Teresa Horta não esqueceu isso ao delinear, tantas vezes, as pessoas que viveram com Leonor, como os pais, os irmãos, os filhos, o marido, os amigos e os celebrés avós...
