Os Tavoras - Entre a Virtude e o Pecado de Maria João Gouveia

Este livro é sobre a família Távora, uma família importante e que durante séculos exerceu cargos importantes em Portugal. 

Com o atentado ao Rei D. José I, acabaram por ser todos presos e muitos deles mortos. Se os Távora eram ou não culpados não há certeza. A única certeza é que o Marquês de Pombal queria que eles o fossem.

Este livro também não esclarece o assunto, mas também não devia ser esse o objetivo. Através de duas nobres da casa Távora acompanhamos o declínio e o extermínio desta família. Em muitos momentos mais parece uma lição de história do que um livro de ficção. Não desgostei, mas também não posso dizer que adorei. Mas irei voltar a esta autora um dia destes.

A todos os que passam por aqui, um bom ano e muitas leituras. 

Crime e Castigo de Fiodor Dostoievski

Por estes dias foi noticia que um CEO de uma companhia de seguros de saúde tinha sido assassinado. Muita gente nas redes sociais festejou. Nos Estados Unidos não existe um SNS e o acesso a cuidados de saúde é determinado por seguros que nem todos podem pagar. 

O criminoso foi entretanto descoberto e é um jovem estudante promissor vindo de famílias ricas. Teve uns problemas de saúde e ao navegar o sistema percebeu o problema que é não ter acesso a cuidados de saúde. 

Muito perto do fim do livro Raskólnikov, o protagonista, dizia que matar uma velha agiota não era uma crime e que ela não merecia viver. Terá sido mais ou menos esta a linha de pensamento do Mangioni, o presumível assassino do CEO. 

E é aqui que vemos a genialidade de Dostoieski ao retratar um crime que foi perfeito ou quase e que podia passar incólume mas não passa. Podemos tentar entender as motivações do Raskolnikov mas nunca as entenderemos em profundidade e de forma definitiva. E essa é a magia de um grande livro. Irá ser discutido até ao fim dos tempos: terá ele razão em matar por ela ser uma agiota? Ou ela merece viver porque é um ser humano ainda que viva à custa da miséria dos outros.? 

Fellow Travelers de Thomas Mallon

 Nunca tinha ouvido falar de Fellow Travellers e de Thomas Mallon até ver a série que adapta este livro. O meu principal motivo para ver era a participação do Jonathan Bailey. 

A série e o livro têm várias diferenças mas não é nada que mude o livro ou a série para quem vir a série e depois ler o livro ou vice-versa. A principal diferença é a linha temporal. Na série Fuller e Tim vao se encontrando durante os anos que separaram o seu primeiro encontro e o momento presente, mas o livro mantem-se sempre na linha temporal dos anos 50, exceto pelo prologo e epilogo. Algumas personagens também não existem no livro. Mas como disse e repito isto não tira prazer na leitura. Thomas Mallon escreve uma história de amor proibido com um pano de fundo politico. Escreve tão bem que somos arrastados pela corrente sensual que emana de Fuller, pela timidez patológica de Tim e pela certeza que ser gay nos anos 50 era difícil. Não nos podemos esquecer disso. Se fosse como nos dias de hoje esta história não existia e também não existiam centenas de homens e mulheres que tiveram de se esconder ou viver vidas duplas por causa da sua orientação sexual... 

Anne of Avonlea de Lucy Maud Montgomery

 O segundo livro desta série não é rico em acontecimentos como o primeiro. Anne Shirley é agora uma professora adorada pelos seus alunos. Mas e um mas é sempre bom ainda se metem em alguns sarilhos. Gostei deste livro não o achei tão bom como o primeiro, mas lá está os acontecimentos mundanos nem sempre podem ser excitantes. 

Os Testamentos de Margaret Atwood

 Este livro continua A História de uma Serva mas pode muito bem ser lido sem se ter lido o primeiro. Se no primeiro conhecemos Gilead pelos os olhos de uma serva aqui conhecemos pelos olhos de uma das Tias e pelos olhos de uma filha de um dos Comandantes. São perspectivas diferentes do primeiro mas a opressão é a mesma. Vi algumas criticas negativas mas não achei que fosse mais fraco que o primeiro, a qualidade é igual e a angustia pelo que fazem às mulheres em Gilead mantem-se. Bom seria que eu pudesse olhar para este livro e pensar: isto nunca vai acontecer. Atualmente não tenho tanta certeza disso...

Até para o ano em Havana de Chanel Cleeton

 Este é um livro contada a duas vozes. Por um lado Elisa Perez, uma jovem de boas famílias que vive em Cuba antes da revolução de Fidel Castro e por outro Marisol uma das suas netas. Ao mergulhamos neste livro mergulhamos num mundo diferente daquele que conhecemos. Nós tomamos a liberdade por garantida mas esquecemo-nos que não é assim em todos os países do mundo. 

O livro tem muitos aspectos interessantes sobre como era a vida em Cuba antes da revolução, a própria revolução e como o país continuou depois da mesma. Não há muita ficção sobre assunto e isso torna o livro refrescante. O problema é que noutros aspectos a história é um bocado cliché. 

Classificaria o livro como bom entretenimento e até tenho curiosidade em ler outro livro desta autora que se foca noutro membro da família Perez. 

O Fim dos Homens de Christina Sweeney-Baird

Quando li a sinopse deste livro achei-a super interessante. Uma peste que dizima os homens, a ideia de mundo sem homens, seria melhor ou pior?

O livro tem uma excelente permissa mas a execução é francamente pobre. Inicialmente achei interessante que tivesse vários pontos de vista ou seja o livro é narrado por diferentes personagens. Mas à medida que o livro avança esta ideia foi-se desvanecendo. Em primeiro lugar torna o livro confuso pois há demasiados POV. E em segundo muitos deles não trazem nada à história. Um homem abandona a família porque quer aproveitar o tempo que lhe resta e quando volta ( era imune à doença) a vida tinha continuado para a família e o leitor já não se lembrava dele. E como este há vários exemplos. Embora outras historias apareçam mais que outras. 

Resumindo, se o livro tivesse se focado em duas ou três personagens e tivesse explorado REALMENTE o durante e o depois da Peste teria sido muito melhor assim é apenas mais um livro que amanha já esqueci que li. 

O Vendedor de Passados de José Eduardo Agualusa

 Nunca tinha lido nada de José Eduardo Agualusa. O livro é pequeno, conciso mas é o género de livro que faz pensar. 

Felix Ventura é um homem cujo o oficio é vender passados. O passado é importante para mostrar aos outros. De onde vimos serve como um cartão de visita. E quem não tem um passado? Aí Felix Ventura constrói um passado para a pessoa. Tudo corre bem até ao dia que dá um passado a alguém. E esse alguém, José Buchmann fica obcecado por um passado, supostamente seu mas que não existe. 

Há neste livro uma mistura entre o real e a ficção. José Buchmann  pode muito bem não ser real e ser só uma alucinação, assim como o Eulálio, a simpática osga narradora do livro. Fico a pensar se o livro não mostra que quem vive solitário inventa histórias para se entreter e torna-se num vendedor de passados ao invés de um louco. 

A Amante do Tenente Francês de John Fowles

 O que dizer deste livro? Comprei-o porque tinha visto o filme. Tinha gostado muito. Sendo um livro editado nos anos 80 não estava já disponível. Mas ficou sempre a vontade. Não sei porque gostei tanto do filme. O livro achei aborrecido e com uma historia que anda em círculos. 

Talvez a idade tenha interferido, afinal já foram muitos os anos que se passaram desde que vi. Talvez a adaptação tenha eliminado a monotonia da historia. A não ser que venha ver o filme outra vez nunca o saberei... 

As Mulheres de Summerset Abbey de T.J. Brown

 Este livro, que é o primeiro de uma trilogia, conta a história de duas irmãs e da sua amiga inseparável, Prudence.

Após a morte do pai Rowena e Victoria veem-se obrigadas a ir viver com os tios em Summerset Abbey. Prudence que tinha sido educada e vivia como se fosse irmã deles acaba na ala dos criados, afinal era filha da governanta. Na casa dos tios, os criados não se misturam com os patrões.

A história passa-se na mesma altura que Downton Abbey, mas nada na história ou personagens faz lembrar a famosa serie. Não estamos perante uma Downton Abbey 2.0. 

Em resumo, vale a pena ler e estou curiosa para ler os restantes. 

O Livro Inacabado de Charles Dickens de Mathew Pearl

 Este é um daqueles livros que prometia mas que se revelou uma desilusão. Era para ser um mistério sobre o ultimo livro de Charles Dickens mas só consegue ser MUITO aborrecido. 

O segredo de Sophia de Susanna Kearsley

A historia começa com Carrie, uma escritora, de visita a uma amiga na Escócia. Carrie está a escrever sobre os jacobitas mas sente-se sem inspiração é esta pequena viagem que vai mudar tudo. 

No caminho até à casa da amiga ela encontra um castelo em ruinas que mexe com ela e sobre o qual decide investigar e escrever. 

É aqui que o livro começa a misturar o livro de Carrie com a história dela. É um livro muito envolvente que cria imensa expectativa sobre o que vai acontecer a seguir. Além disso dá uma perspectiva histórica sobre os Jacobitas muito alargada mas sem ser chata. 

Sissi, Imperatriz por amor de Allison Pataki

 Quando era criança fiquei encantada com os filmes sobre a Imperatriz Sissi, protagonizados pela Romy Schneider. Mais tarde descobri que os filmes pintavam uma realidade muito cor-de-rosa. 

Quando comprei este livro esperava encontrar um livro que se focasse mais na história verdadeira. Infelizmente encontrei um livro mais focado no cor-de-rosa. Ainda não foi desta que consegui ver onde começa a mulher e acaba o mito. 

Verão em Edenbrooke de Julianne Donaldson

 Um romance leve e simpático. Dentro do género já li melhor mas também já li muito pior. 

CInco Esquinas de Mario Vargas Llosa

Este é o segundo livro do Mário Vargas Llosa que leio. E tal como o primeiro também gostei. São livros diferentes nas suas temáticas. Se no primeiro apreciei particularmente a história, aqui não gostei da mesma por aí além. Mas a escrita do Vargas Llosa é excelente e isso compensa  uma história que não cativa tanto.

A Educação de Eleanor de Gail Honeyman

 Há livros que nos conquistam pelos personagens ou pela história. Depois há livros que não nos conquistam de nenhuma maneira. É o caso deste... 

Anne of Green Gables de Lucy Maud Montgomery

 Quando eu era criança nenhum desenhado animado me fez vibrar mais do que a Ana dos Cabelos Ruivos. A história de uma menina órfã que era acolhida por dois irmãos, metia-se em diversos sarilhos, falava pelos cotovelos... O mundo que Ana vivia era muito diferente do meu mas eu identificava-me plenamente com ela.

Na altura não havia internet e eu demorei anos para descobrir que o desenho animado era inspirado num livro ou melhor numa série de livros. Quando descobri fiquei triste por não haver edição em português.  Entretanto começaram a editar mas demoram tanto entre livros que eu optei por ler no original. 

É verdade que já não sou criança há muito mas o prazer de ler foi igual ao de ver a série. Ana continua a ser a minha alma gémea literária.  

A Rainha Vermelha de Philippa Gregory

 Neste segundo livro da série Tudor, conhecemos Margarida Beaufourt. Uma mulher que era prima do rei Henrique VI e que se casou com um dos seus meios irmãos. E se não fosse pela Guerra das Rosas seria apenas mais um nome na genealogia da Inglaterra Medieval. 

É curioso como durante séculos se deu pouca ou nenhuma importância às mulheres da nobreza, embora elas tenham tido papeis importantes. Foi a coragem e determinação de Margarida que colocou o filho dela, Henrique VII no trono, embora nunca tenha estado no campo de batalha, travou a batalha mais importante de todas: criar alianças para que o direito do filho ao trono fosse reconhecido e os outros nobres se aliassem a ele. 

Amor e Enganos de Julia Quinn

 O terceiro livro da série Bridgerton é a história de Sophie e Benedict. É claramente inspirado na Cinderella. Os livros da Julia Quinn estão claramente um nível acima do muito que se escreve neste género. Podem não ser livros que vão ganhar o prémio Nobel da Literatura mas cativam e mantém o interesse do principio ao fim.

Anna Karénina de Lev Tolstói

 Anna Karénina é um dos grandes clássicos da literatura mundial. A história foca-se em Anna Karenina, uma mulher da sociedade russa do séc. XIX, casada e com um filho. Anna vê a sua vida mudar abruptamente depois de conhecer e se envolver com Vronski. Anna abandona o marido para ir viver com o amante e ao fazê-lo é votada ao esquecimento e aos comentários maldosos da sociedade russa. 

É aí que vemos como a decisão foi difícil e como não é fácil viver no isolamento. 

Mas Anna Karénina é muito mais do que isto. Tolstoi vai construindo a historia com diversas personagens que nos vão intrigando e ao mesmo tempo ficamos a pensar nelas pois as suas inquietações são também muitas vezes as nossas...

O Adeus às Armas de Ernest Hemingway

 O que dizer de deste livro? É difícil dizer o que tenho para dizer por Hemingway ser um autor consagrado e que venceu o Prémio Nobel da Literatura. 

Não achei que fosse um grande narrador. As narrações são escassas e para 80% do livro é dialogo. Podiam ser diálogos interessantes ou com sumo, Mas a maioria das vezes ou até quase sempre nada se tira dali. 

Passado durante a Primeira Guerra Mundial, o livro conta história de amor entre o Tenente Henry e Catherine, uma enfermeira. As duas personagens não são memoráveis ou até atrativas. A sua história podia ser resumida em uma página. 

Como sempre darei uma outra oportunidade a Hemingway mas não acredito que serei conquistada...