Por estes dias foi noticia que um CEO de uma companhia de seguros de saúde tinha sido assassinado. Muita gente nas redes sociais festejou. Nos Estados Unidos não existe um SNS e o acesso a cuidados de saúde é determinado por seguros que nem todos podem pagar.
O criminoso foi entretanto descoberto e é um jovem estudante promissor vindo de famílias ricas. Teve uns problemas de saúde e ao navegar o sistema percebeu o problema que é não ter acesso a cuidados de saúde.
Muito perto do fim do livro Raskólnikov, o protagonista, dizia que matar uma velha agiota não era uma crime e que ela não merecia viver. Terá sido mais ou menos esta a linha de pensamento do Mangioni, o presumível assassino do CEO.
E é aqui que vemos a genialidade de Dostoieski ao retratar um crime que foi perfeito ou quase e que podia passar incólume mas não passa. Podemos tentar entender as motivações do Raskolnikov mas nunca as entenderemos em profundidade e de forma definitiva. E essa é a magia de um grande livro. Irá ser discutido até ao fim dos tempos: terá ele razão em matar por ela ser uma agiota? Ou ela merece viver porque é um ser humano ainda que viva à custa da miséria dos outros.?
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