sexta-feira, 22 de maio de 2009

Tratar por tu ou por você

Não há dúvidas que perante uma pessoa mais velha usamos sempre o você, foi-nos incutido desde muito cedo essa noção, o mesmo se aplica a estranhos.
É nas outras relações que estabelecemos no nosso dia-a-dia que existem dúvidas ou não as existindo pensamos muitas vezes que aquilo é um esquema tão complexo que daria uma tese de mestrado...
Se conhecemos alguém no local de trabalho que é mais ou menos da nossa idade temos tendência para tratar por você, pelo menos nas primeiras impressões, depois até partimos para o tu, mas aqueles primeiros dias tudo gira à volta da terceira pessoa. Claro que se essa mesma pessoa é um fornecedor, um cliente ou até mesmo alguém de outro de departamento o tu tarda a chegar ou nunca chega. No entanto se essa pessoa nos é apresentada no café por um amigo o tu entra logo em acção, não esperando por convite.
Na minha opinião a forma como tratamos os outros por tu ou você devia ser sintomática do grau de intimidade, mas esta teoria é posta à prova todos os dias na internet onde o tratamento por tu foi instutuído e o você nunca é usado.
O mais curioso caso desta discrepância entre o tu e o você que me aconteceu, foi quando eu andava a tirar a carta de condução. O instrutor era um rapaz da minha idade, seria um ano mais velho ou um mais novo, confesso que já não me recordo bem. Mas a diferença de uma ano era apenas técnica e não real já que ele fazia anos no fim de Outubro ou Novembro e eu no fim de Janeiro. Era portanto uma diferença de meses.
Desde o inicio que usou o você, mas isso não o impedia de falar sobre a namorada, não entrava em pormenores, mas dizia que tinham saido no último fim de semana e onde tinham ido....
Uma vez, ao chegar à aula notei que ele tinha um ar bastante triste. Ele não tinha muito o feitio de ficar calado, ia falando sempre, embora não fosse um tagarela que nunca se calava, mas nesse dia manteve-se calado, excepto pelas indicações normais que os intrutores vão dando.
Meia hora depois do inicio da aula confessou que tinha traído a namorada...
A coisa acabou por se resolver e eles reconciliaram-se. De resto e o que importa reter nesta história é que ele disse-me, noutra ocasião, após a traição, que usava o você porque não queria confianças e que a traição estava relacionada com "confianças" que tinha dado.
Mas afinal onde está a confiança? Na forma de tratamento ou naquilo que contamos?
Na minha opinião está na segunda, podemos tratar alguém por tu, mas se nunca o convidarmos para entrar na nossa vida, ele não é mais que o estranho do autocarro...

Um comentário:

Menphis disse...

penso que o teu instrutor estava a enganar-se a ele próprio, a procurar desculpar-se, no meu trabalho trato o meu chefe e o meu colega da trabalho por você, mas a minha colega de trabalho trato-a por tu. O curioso é que sou o mais novo. Concordo plenamente contigo,podemos tratar como quisermos as pessoas, penso que o respeito ( e o resto, como foi no caso do teu instrutor) tem mais a haver com as atitudes do que com o tratamento que lhe é dado.