quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Os Maias, a série de televisão

Os Maias dispensam qualquer apresentação, livro lido por muitos a contragosto por alturas do secundário, é uma das obras primas da literatura portuguesa. Eu também o li no secundário, mas não o estudei, hoje gostava de o ter feito porque me parece bem mais interessante do que os amores de perdição de Simão Botelho e Teresa de Albuquerque. Mas o grupo de professores de português da minha escola preferiu o Camilo ao Eça e para sempre fiquei com essa mancha no meu currículo, li o livro nas férias de verão, por recomendação da professora de Português, dizia ela que depois não tínhamos tempo entre testes e trabalhos, ela estava convencida que os colegas iam escolher Os Maias.
Aborreci-me até chegar ao romance de Carlos e Maria Eduarda, parece que o meu instinto já sabia que era aqui que estava a parte mais importante do livro. Hoje, passados tantos anos e sem nenhuma releitura, com alguma pena minha e apenas leituras aqui e ali sobre o livro, reconheço a minha incapacidade para entender a obra, o meu irmão disse-me o que acontecia, mas creio que não mencionou a fatalidade de Carlos e Maria serem irmãos... Talvez porque não quisesse estragar o impacto que tal revelação tem.
Contudo, não é sobre o livro que vos quero falar, mas sim sobre uma série de televisão da TV Globo que adapta este livro. Já tinha esta série aqui no meu PC, tirada sabe Deus de onde, há muito tempo mas nunca me tinha dado para vê-la, erro grande vejo agora.
A série é extraordinariamente bem feita, a todos os níveis, nenhum pormenor é esquecido ou adulterado como tantas vezes parece ser adágio das adaptações. A uma fidelidade quase canina à obra e às palavras do grande Eça, havendo mesmo um narrador que as diz de forma sublime junta-se um leque de atores que dá vida de forma bem realística a todos os personagens. Os cenários são também reais, ou seja a nível de exteriores a série foi filmada nos lugares onde acontece, o Douro, Coimbra, Sintra e claro Lisboa; os interiores parecem ser muito fiéis aquilo que está no livro. Mas o conjunto não estaria completo sem a música que parece antecipar em alguns momentos a tragédia que se avizinha. Até a inclusão do Pastor dos Madredeus me parece inteligente já que a letra tem uma certa alusão a destino e fatalidade e claro tem um som bastante português.
Não é certamante série para todos os olhos e perdoem-me por soar snob, mas decerto que quem nunca tenha lido o livro perderá muitos pormenores e quem está habituado a livros mais cor de rosa, ficará devastado com a tragédia e até revoltado com tal destino traçado por Eça.
Lamento que em Portugal nunca tenham feito nada assim, e não será certamente falta de meios ou dinheiro. Simplesmente há falta de vontade.

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