segunda-feira, 17 de abril de 2017

Cem Anos de Solidão de Gabriel Garcia Marquez

Há uns anos atrás, alguém me dizia que só tinha conseguido atinar com este livro depois de ter feito a arvore genealógica da família Buendia. Agora que li reconheço que há uma certa dificuldade em seguir a história, tal é a repetição de nomes. Essa mesma pessoa disse-me que quem estudava genologia se apercebia que a história familiar se repetia. Não me recordo agora se era a terceira geração que repetia ou se a quarta. Mas lembro-me dela dizer-me: se uma bisavó tua era traída pelo marido é provável que tu também sejas... Se isto são influencias genéticas, karmicas ou simplesmente fruto das circunstancias da vida não sei, o que sei é que fiquei na altura com a ideia de ler este livro.
Mas teriam de passar alguns anos e a leitura do Amor em Tempos de Cólera até chegar aos Cem Anos de Solidão.
 
Este livro narra a história da família Buendia, desde o casamento de José Arcadio com Úrsula. O casal, seguido por uns quantos outros, fundam a pequena aldeia de Macondo. Isolado do mundo, sem aparecer no mapa é aqui que tudo se passa. Nascem, os filhos, os netos, bisnetos, trinetos e tetranetos de Úrsula e José Arcadio. É também uma aldeia onde o impossível acontece e onde o real se mistura com o irreal. Eu não sou fã de fantasia, mas o Gabo é tão bom a narrar e introduz estes elementos fantasiosos de forma tão suave e natural que nos faz acreditar. É aquilo a que os estudiosos chamam de realismo mágico. Eu confesso que comecei a acreditar que podia haver uma peste que dá insónias e chuva ininterrupta durante anos.
 
Já tinha ficado fascinada com prosa do Gabo no Amor em Tempos de Colera e aqui esse fascínio continuou. Contudo a história não deixa de deslumbrar até porque a família Buendia, com as suas particularidades, problemas, dificuldades conquistou-me desde o inicio. Eu gosto de livros que falam de famílias. Acho fascinante como os erros dos pais se reflectem nos filhos. Mas penso que ninguém poderia resumir melhor o livro do que o próprio Gabo, pela voz de Pilar Ternera, ela que não era da família, mas fazia parte da mesma à sua maneira:
 
Não havia nenhum mistério no coração de um Buendia que fosse impenetrável para ela, porque um século de naipes e de experiencias tinha-lhe ensinado que a história da família era uma engrenagem de repetições irreparáveis, uma roda giratória que teria seguido às voltas até à eternidade, não fosse o desgaste progressivo e irremediável do eixo.


P.S: Por uma estranha coincidência hoje passam 3 anos que Gabo faleceu.

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