sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Com a Berta ao fim da tarde

« Quando tinha quinze anos,
três portas depois da minha,
morava a viúva Berta
que trinta, ainda, não tinha.
Era linda. Os seios dela
trepando pelo corpete
par'ciam vir à janela
dum castelo de colchetes.
Um dia, pela tardinha,
passando à porta da Berta,
vi a porta entreaberta
e a Berta, aos sinais, sozinha.
Se pensei por um segundo
mandei o segundo à fava...
Havia, ali, outro mundo
na Berta que me esperava.
Mal entrei, fechou a porta
e logo, num desafio:
- Vou-te contar um segredo
porque só em ti confio.
Então, olhou-me de frente,
pôs as mãos no meu pescoço
e disse em tom d'alvoroço:
- Vem pr'aqui que está mais quente!
Devagar... devagarinho...
enquanto me desnudava
me vestia de carinho
com o prazer que me dava.
Então, tirei-lhe o corpete...
E a roupa que ela vestia
ficou, ali, no tapete
à espera do outro dia.
Meus lábios eram de fogo,
os dela eram de chama...
Quando o incêndio chega ao corpo,
só pode acalmar na cama...
A minha boca na dela;
a dela na minha boca...
Toda a ternura é mais bela
quando, sem saber, se troca.
Logo após um amplexo
que nunca mais me esqueceu,
ela agarrou no meu sexo
e pô-lo às portas do seu.
Alimentando o sentido
duma nova descoberta,
A Berta dizia: - Querido!...
Penetra, filho... penetra!
Penetra,... filho... penetra...
Pe... ne... tra..., fi... lho, pe... ne... tra... »



Ulisses Duarte

Nenhum comentário: