domingo, 21 de fevereiro de 2016

O que é que a Jane Eyre nos ensina sobre o amor

Este ano passam dez anos desde que conheci o livro Jane Eyre de Charlotte Brontë. Muito haveria a dizer sobre isso, mas a versão resumida é simples. Vi uma das muitas adaptações e isso levou-me a ler o livro e a ver todas as adaptações que se fizeram ou vá quase todas.
 
Foram as muitas visualizações que me fizeram entender algo que a leitura e a primeira visualização não tinham e este post é sobre isso.
Para quem não conhece a história de Jane Eyre conta-se em meia dúzia de linhas. Jane é uma menina orfã que vive com a tia, que a maltrata, mais tarde vai para uma escola onde as coisas também não são fáceis. Eventualmente, a escola torna-se melhor, depois de um surto de febre tifoide. Jane cresce e torna-se professora, mas uns tempos depois decide tornar-se preceptora e é aí que a sua vida muda.
Contratada para ensinar Adele, pupila do Mr. Rochester, Jane estava longe de imaginar que se ia apaixonar por ele e ele por ela. Mas infelizmente, quando está no altar, Jane descobre que ele é casado.
 
Jane foge e depois de alguns tormentos conhece John Rivers e as suas irmas. Num twist, como a Charlote Bronte gostava, descobre-se que os Rivers são primos de Jane.
John é apaixonado por uma vizinha, Rosamond, uma menina rica e que também o ama. Mas ele sabe que ela nunca dará uma boa esposa para ele e para a sua vontade de ser missionário. John acha que Jane dará uma melhor esposa e pede-a em casamento.  
Jane recusa e acaba por voltar para junto do Mr. Rochester. Aqui é que está o busilis da questão e o motivo deste post. Por lado temos um John Rivers que ama uma mulher mas que sabe que ela nunca será a esposa compativel com a vida de missionário. Rivers, não está disposto a abdicar do seu sonho e por isso mesmo prefere casar sem amor e realizar o seu sonho.
Qual seria o sonho de Jane? a meu ver sempre foi ter uma familia que a amasse. Quando volta para Rochester, Jane sabe que não o conseguirá deixar. Deixá-lo, uma primeira vez tinha sido um grande sacrificio. Mas ela também sabe que se ficar não será para viverem como irmãos. Ao tornar-se amante de Rochester, Jane perdia com certeza a estima das primas ( entretanto tornadas amigas) e seria apontada na rua e os seus filhos seriam sempre bastardos.
 
Jane caminha assim para uma relação onde sabe que vai ser feliz, mas sabe que terá de abdicar da honra, um preço alto a pagar numa altura que quem vivia junto vivia em pecado, ainda mais sendo ele casado.
Mas Jane também sabe que será feliz e é isto que ela nos ensina, no amor, temos de estar dispostos a sacificar coisas e sonhos para sermos felizes. Algo que John Rivers não aprende. Felizmente a esposa do Rochester tinha morrido e Jane pode casar com ele e ser feliz para sempre. Mas se ela tivesse de viver em pecado, será que isso realmente importava, ao final do dia? Eu acho que não, pois ela sabia que quando se deitasse teria um Rochester que a ia abraçar, beijar e sussurrar ao ouvido: I love you like my own flesh.

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