domingo, 26 de julho de 2015

Rotinas

Há uns dias uma amiga das andanças do artesanato queixava-se num email de cansaço. Era, segundo ela, um cansaço psicológico, próprio de quem viveu já uma boa parte da vida ( ela tem idade para ser minha mãe) e que tem quatro filhos, todos adultos, uma casa para cuidar e os problemas que vão surgindo que não matando vão moendo.
 
Perante aquelas palavras sinceras vindas de alguém que considero genuinamente bom ( há quem seja bom mas ela é genuinamente boa pois nunca pensa mal ou critica ninguém; e julgo que nunca desejou mal aos outros ou fez algo que pudesse prejudicar alguém)  a única coisa que pude fazer foi aconselhar a tirar algum tempo para si, a dar um passeio, ainda que fosse só até a uma esplanada à beira-mar e tentar quebrar um pouco rotina.
 
Aquilo que ela me disse não me surpreendeu ao longo dos anos tenho vindo a conhecer muitas mulheres casadas, umas jovens, outras mais velhas e quase todas tem em comum essa rotina familiar que as absorve. São mulheres que não sabem conversar sobre nada que não seja o marido e os filhos, raramente tem algum interesse em algo ( ler, ver uma série, praticar um desporto qualquer, etc). A vida delas termina e acaba na família.
Eu entendo que uma casa dê muito trabalho, os filhos, o marido, mas aquilo que mais desejo para o meu futuro se chegar a casar e a ter filhos é não viver absorvida por essa rotina. Quero continuar a ler, a ver as minhas séries e tantas outras coisas que gosto... até porque se não for assim não faz sentido, o marido e os filhos serão um complemento aquilo que sou e não algo que me vai anular enquanto mulher e ser humano.

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