sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

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há uns anos era eu voluntária numa instituição. Um dia a pessoa que mandava lá dentro estava bastante indignada. Diz-me ela: Madrigal, aqui em Portugal não há jornalismo de investigação. Porque se houvesse este tipo de noticias não existiam. Deu-me então para a mão ou melhor mostrou-me uma reportagem numa revista daquelas mais cor de rosa que falava de uma das pessoas que era cliente da dita instituição e tinha a felicidade ou infelicidade de ser pai de um concorrente daqueles reality shows muito em moda na altura.
A revista dizia que o nosso cliente era um monstro, batia na mulher, nos filhos, na sogra e não esquecendo o cão e o gato. E a responsável pela instituição insistia: oh Madrigal, ele não faz mal a ninguém, elas é que foram más para ele e agora vem aqui isto na revista.
Na altura dei um desconto, afinal as revistas de mexericos vivem do escândalo e se for para dizer que seja mal e se pintarem o diabo, já se sabem que vendem mais.
Há dias a Sic falou de um grupo de romenos que viviam em condições miseráveis às portas da cidade de Lisboa. Uma instituição de ajuda humanitária viu a reportagem e logo tentou ajudar. Conclusão da estória: os romenos voltaram para a sua terra.
Agora, vêm com outro grupo que vive ali perto da VCI aqui no Porto, a mesma miséria, a mesma estória. O senhor que ajudou os outros foi à embaixada e lá disseram-lhe que os romenos vinham para cá para pedir e aconselhavam mesmo as pessoas a não lhes dar dinheiro. dizem na reportagem que o grupo está cá há dois meses. Só que da mesma maneira que não ouve jornalismo de investigação na reportagem da dita revista cor de rosa, também aqui não houve. Os romenos não estão cá há dois meses, estão há mais e como diz a embaixada do pais deles, o objectivo não é trabalhar.
Eu quando ia para a minha formação via-os muitas vezes no metro num grupo, entravam em Campanhã, às 8 horas e iam saindo, na Casa da Música ( Boavista), nas Sete Bicas ( Matosinhos) e por fim no centro da Maia. Se houvesse jornalismo de investigação viam isso e que existe uma organização, aliás o ir de metro revela isso, sabem que podem entrar e a probabilidade de fazerem a viagem de graça é maior que num autocarro, onde o motorista se vê que não passam o bilhete ou passe, à vezes chama a atenção. 
É claro que eu tenho pena que pessoas vivam em condições degradantes, mas também é preciso separar o trigo do joio e dar aos telespectadores uma visão ampla do caso e não só a desgraça. Senhores jornalistas, façam melhor o vosso trabalho.
 

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