segunda-feira, 22 de junho de 2015

Algumas notas sobre a biografia do Yeats

Conheci o Yeats há uns anos, quando uma alma generosa me ofereceu um cd. O Cd mais não era que uma compilação de vários poemas do Yeats misturados com a sua biografia. Algo que só podia ser feito lá fora, mas que cá devia ser imitado.
Esta pequena amostra despertou a minha atenção e uns tempos depois investi em livros dele e também nesta biografia que li agora. Custou-me uma bagatela na FNAC.
Desde que conheci Yeats que digo que a BBC ou algum estúdio de cinema devia de fazer um filme sobre ele. A vida dele é muito rica e daria um bom filme. Mas a industria do cinema prefere investir em bestsellers de fraca qualidade e que apelam às massas.
Para mim ler não é só ler o livro e ponto final, gosto também de conhecer o escritor. Por isso invisto algum tempo a saber quem ele era. Claro que muitas vezes não vou à além da wikipedia. Mas conhecer um escritor é um passo importante para entender melhor a sua obra.
 
Tudo isto para vos dizer que gostei muito de conhecer melhor o Yeats, embora o essencial já soubesse. Podia escrever muitas coisas sobre ele, mas vou simplesmente contar aquilo que desde que soube me chamou a atenção, falo do seu casamento
Em 1916 Yeats decidi casar, não porque se apaixona loucamente por Georgie Hyde Lees, que viria a ser sua esposa ou porque finalmente Maud Gone o aceitava, mas simplesmente porque viu no seu horoscopo que era uma boa altura para casar.
A questão é que depois de mais uma vez ter pedido a Maud em casamento e ela o ter recusado e ter também pedido a filha dela em casamento e ser recusado, Yeats pede Georgie em casamento e ela aceita.
Eles já se conheciam mas não existia um grande amor ou paixão. Na manha seguinte ao casamento e quase inevitavelmente Yeats arrepende-se. Georgie que sabia no que se meterá quando casou, disse-lhe que tinha experimentado a chamada escrita automática. Isto fascinou Yeats, que era um grande crente no oculto e pertenceu a várias ordens ligadas ao estudo do mundo espiritual e a sua obra também fala das coisas invisíveis.
Durante os anos que se seguiram Yeats e Georgie passaram muito tempo desta forma. Mais tarde depois da morte de Yeats, Georgie disse que tudo não passou de uma mentira, que está bom de ver tinha como objectivo focar a atenção do marido em si.
Muitos pensarão: todo o burro come palha a questão é saber dar-lha. E outros dirão que ele sabia a verdade. Não existem indicações disso. Além disso Yeats era um grande crente no mundo oculto e a crença seja no que for é sempre muito forte mesmo perante a verdade.
Para terminar tenho pena que com o passar dos anos, Georgie tenha sido reduzida por Yeats, ao cargo de enfermeira, governanta, secretária e tenha perdido o de companheira para as amantes que ele teve no fim da vida. Mas isso não lhe retira mérito e todos podemos aprender com ela que uma relação, um casamento pode dar certo se trabalharmos nesse sentido, encontrando um ponto comum a partir do qual o resto se constrói. Claro que tem de haver também amor, mas isso raramente é suficiente por si só.

Nenhum comentário: