sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O Amor nos Tempos de Colera de Gabriel García Márquez

A opinião que se segue contém spoilers.
 
 
 
 
Era um marido perfeito: nunca apanhava nada do chão, nem apagava a luz, nem fechava uma porta.
 
 
Eu tinha visto o filme que adapta este livro, mas não gostei mesmo nada do mesmo. Pessoalmente nunca fui à bola com o Javier Barden e além disso aquele inglês à Speedy Gonzalez também não me agradou nada. Eu gosto de ouvir o espanhol. ( Sim, eu sei que era para ser apelativo ao mercado americano onde eles não falam nada além do inglês)
 
Mas a história agradou-me ou melhor gostei muito da mesma e decidi que um dia ia ler o livro. Este livro marcou a minha estreia com a escrita do Gabriel García Marquez. Para começar gostaria de dizer que adorei a prosa dele, é rica, poética e nas descrições fez-me sentir que estava lá. Nem todos os escritores sabem escrever bem é um facto, alguns são apenas bons contadores de histórias, outros são meros poetas que escrevem e até nem tem grandes histórias.
A história que nos conta o Gabo neste livro pode-se contar em meia dúzia de linhas. Rapaz conhece rapariga, rapaz apaixona-se por rapariga, rapaz e rapariga namoram e por fim rapariga dá-lhe com os pés. Ele destroçado nunca recupera e vive amores, ela casa. Na velhice voltam ao contacto e terminam juntos.
 
Felizmente é bem mais do que isso e Gabo dá-nos um fresco daquilo que todos nós já vivemos: o primeiro amor e a forma como eles nos marca.
Florentino apaixona-se por Fermina quando a vê na sua casa e a partir daí começa a observa-la. Vivemos nos tempos das cartas e ambos trocam muitas cartas. Promessas e juras de amor que nunca se concretizam pois Fermina termina tudo abruptamente. Esta atitude chocou-me afinal ele não tinha feito nada de mal. É difícil de entender a atitude de Fermina, mas muitas vezes aquilo que o ser humano faz não tem qualquer explicação lógica. Ela casa com o Dr Urbino, um homem de posses e Florentino jura tornar-se no homem que a merece e começa a trabalhar para subir na vida.
 
Se por um lado acho bem aquilo que ele fez por outro penso que ele podia ter esquecido e seguido verdadeiramente em frente. Contudo não deixa de ser belo que ele tenha ficado ali à espera. Vive amores meramente carnais, alguns onde o afecto também fala mais alto, mas tudo o isso vai mudando Florentino e ele vai-se tornando num homem diferente.
Por fim, Fermina fica livre e Florentino volta à carga. Ela começa a ver nele uma companhia, um amigo e por fim um amante.
Sem dúvida um belo livro que vale a pena ler e que estas linhas nunca poderiam fazer juz à riqueza que o livro é.
 
 
 
 
 
- E até quando pensa o senhor que podemos continuar neste ir e vir dum caralho? - perguntou-lhe.
Florentino Ariza tinha a resposta preparada há cinquenta e três anos, sete meses e onze dias com todas as suas noites.
- Toda a vida - disse.

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