domingo, 22 de novembro de 2009

Budapeste - Chico Buarque

Sinopse
José Costa é um escritor anónimo pago para produzir artigos de jornal, discursos políticos, catas de amor, monografias e autobiografias romanceadas que outros assinam. Um dia, regressando de um congresso de escritores anónimos em Istambul, é obrigado a fazer uma escala forçada em Budapeste. Fascinado pela língua magiar, «segundo as más-línguas, a única língua que o Diabo respeita», José Costa retorna à capital húngara, passando a ser Zsoze Costa, e tornando-se amante de Kriska, a sua professora. A obsessão de dominar completamente o novo idioma leva-o a viver num tresloucado vaivém entre o Rio de Janeiro, onde vive com a sua mulher Vanda, e Budapeste, onde passa a viver com Kriska. Budapeste é a história de um escritor dividido entre duas cidades, duas mulheres, dois livros e duas línguas, uma intrigante e por vezes divertida especulação sobre identidade e autoria.




Nos últimos anos temos assistido a uma invasão do mundo literário por pessoas famosas. São muitas as caras conhecidas que publicam livros e têm sucesso. É um fenómeno que tenho olhado com muito cepticismo, não acredito que todos tenham aquele talento especial necessário para a escrita de um livro. Talvez por isso ainda não tenha lido nenhum destes livros. Ao saber que Chico Buarque tinha publicado um livro, pensei simplesmente: mais um.
Foi no blog Scotch Gin and Soda que percebi que Chico tinha escrito outro livro Leite Derramado. Esse mesmo post dava conta que Budapeste era agora também um filme. O trailer interessou-me e assim que a oportunidade surgiu vi o filme. Falei disso aqui. Fiquei com a sensação que para melhor entender o filme teria que ler o livro, esse já eu comprara na Feira do Livro, porque não consegui resistir ao preço convidativo e porque queria tirar a prova dos nove.
Budapeste, é o primeiro livro de um escritor brasileiro que leio, isto se ignorar a leitura MUITO na diagonal de um dos livros de Paulo Coelho. Já ouvi dizer que os livros escritos em Terras de Vera Cruz sofrem uma adaptação para o nosso português, isso não acontece e por isso mesmo existem algumas palavras que dificultaram a minha leitura. Mas ler um livro naquele português de sabor adocicado e melódico não causa estranheza e muito menos a forma como Chico Buarque escolheu para contar a sua estória. Aqui não existem diálogos, existe apenas uma voz que conta factos e se inicialmente estranhei, depois entranhei e até ouvia uma voz diferente da minha ( que é a que ouço nos livros que leio) tanto que necessitei de ir ao Youtube para melhor conhecer melhor a voz de Chico Buarque. A voz tornou-se tão clara na minha mente e um cenário ídilico desenhou-se na minha imaginação fértil: uma noite de frio, uma lareira acesa e o Chico a ler só para mim...
Assim embalada, viajei até Budapeste e ao contrário do que esperava não li um livro em que cidade assume um papel, mas sim um sobre uma língua que fascina um homem. Um homem que vive ausente da sua própria vida e para encontrá-la ou para fugir dela refugia-se nessa mesma língua. A língua é a nossa pátria, mais que o território nacional e é ela que nos une a outros povos e nos afasta de outros. Já alguma vez pensaram como se diz uma palavra noutra língua? Como soará o vosso nome dito noutra língua? Pensem, por exemplo em Vera ( sim, é o meu nome) já se aperceberam que os ingleses, americanos não dizem este nome como nós?
Sobre o filme, tenho a dizer que é uma adaptação fiel do livro. E apesar de filmado em Bupapeste não cairam na tentação de torná-lo um filme com a cidade em pano de fundo. Gostei de ver as palavras tomarem forma na voz dos vários personagens, mas também achei que perdeu um pouco da magia da escrita a uma só voz.
Sobre o filme e o livro eu diria: ABSOLUTAMENTE ADMIRÁVEL.

2 comentários:

Menphis disse...

Bela resenha que fizeste. Adorei o livro, já o li e reli 2 vezes, o filme irei aproveitar este fim de semana em que estou sozinho em casa para o ver. Fico admirado de ver que é o teu primeiro livro de um brasileiro, tu que gostas de poesia deverias conhecer Vinicius de Moraes. e claro, Chico Buarque. No romance, aconselho-te Jorge Amado.

Madrigal disse...

o meu anterior comentário desaapareceu, por isso tento novamente.
De certeza que vou ler novamente este livro, aliás já tenho vontade disso.:)
Eu já tenho a Gabriela para ler e claro que quero conhecer Vinicius de Moraes. O problema é que eles são muitos e o tempo não é só ler.
Depois diz o achaste do filme.